Governo "faz gestão cautelosa" de cortes
"O Governo está a fazer uma gestão muito cautelosa sobre o que vão ser os cortes", notou ontem José Sócrates no seu espaço de comentário na RTP1, "apesar de o primeiro-ministro ter dito "que se lixem as eleições"".
"Isto era um engodo", insistiu o antigo primeiro-ministro, exemplificando com o estado das coisas no ensino. Por um lado, com os cortes anunciados para as universidades - o que "é um erro", segundo Sócrates - e, por outro lado, na questão do financiamento dos ensinos básico e secundário público e privado.
"No momento em que reduz o financiamento da escola pública, o Governo quer aumentar o financiamento" das escolas privadas. E o socialista recordou o memorando da troika onde "está escrito" que é preciso reduzir o financiamento a este ensino.
Em simultâneo, Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, insistiu que será preciso avançar com cortes na função pública, mas pedindo cautelas ao Governo no processo. "A Constituição pode e deve ser revista" neste aspeto, defendeu, porque "há noção de organismos da Administração Pública que devem ser extintos ou remodelados". Este processo será "muito difícil", mas o antigo líder do PSD notou que "ao fim de dois, três anos, o Governo deve conseguir dizer" onde poderá cortar.
Sobre as autárquicas, Marcelo sublinhou que o PS terá de "radicalizar", pegando em temas nacionais (como o facto de o Governo estar a "esconder os cortes"), enquanto que "a coligação quer que a campanha seja suave".